Fazia tempo que não postava nada da minha escritora favorita (Clarice Lispector, óbvio..!), e nada melhor que começar a semana com os escritos clariceanos, com uma sensibilidade ímpar capaz de mexer com o nosso subconsciente mais profundo...
Antes de deixar os breves textos extraído do livro "Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres" preciso informá-los da magnitude que é esse livro, um romance tocante, pois percorremos as páginas ávidas por descobrir o desfecho daquela história. Meu fascínio pelas personagens (Loreley/Lóri e Ulisses) é imensurável, a aprendizagem de Lóri até seu verdadeiro encontro, não apenas de prazer , mas de alma com Ulisses faz com que tenhamos a esperança de dizermos: o verdadeiro amor existe, e nos 'espera' em qualquer esquina dessas da vida...(Grifos meus)
"Um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa mas seremos um só."
(pág. 73)
"De algum modo já aprendera que cada dia nunca era comum, era sempre extraordinário. E que a ela cabia sofrer o dia ou ter prazer nele. Ela queria o prazer do extraordinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns: não era necessário que a coisa extraordinária para que nela se sentisse o extraordinário."
"Ele se mexeu na cama. Então ela falou:
- Você tinha me dito que, quando me perguntassem meu nome eu não dissesse Lóri, mas "Eu". Pois só agora eu me chamo "Eu". E digo: eu está apaixonada pelo teu eu. Então nós é. Ulisses, nós é original."
- Você tinha me dito que, quando me perguntassem meu nome eu não dissesse Lóri, mas "Eu". Pois só agora eu me chamo "Eu". E digo: eu está apaixonada pelo teu eu. Então nós é. Ulisses, nós é original."
(pág. 148)
"[...] Pois assim era com Ulisses: eles se haviam possuído além do que parecia ser possível e permitido, e no entanto ele e ela estavam inteiros. A fruta estava inteira, sim, embora dentro da boca sentisse como coisa viva a comida da terra. Era terra santa porque era a única em que um ser humano podia ao amar dizer: eu sou tua e tu és meu, e nós é um.
Até que Lóri mais profundamente adormeceu e a escuridão foi toda dela.
Depois de pouco tempo despertaram e tanto Ulisses quanto Lóri procuraram com a mão a mão do outro.
- Meu amor, disse ela.
- Sim?
Mas ela não respondeu. Então ele disse:
- Nós dois sabemos que estamos à soleira de uma porta aberta a uma vida nova. É a porta, Lóri. E sabemos que só a morte de um de nós há de nos separar. Não, Lóri, não vai ser uma vida fácil. Mas é uma vida nova. (Tudo me parece um sonho. Mas não é, disse ele, a realidade é que é inacreditável.)"
Até que Lóri mais profundamente adormeceu e a escuridão foi toda dela.
Depois de pouco tempo despertaram e tanto Ulisses quanto Lóri procuraram com a mão a mão do outro.
- Meu amor, disse ela.
- Sim?
Mas ela não respondeu. Então ele disse:
- Nós dois sabemos que estamos à soleira de uma porta aberta a uma vida nova. É a porta, Lóri. E sabemos que só a morte de um de nós há de nos separar. Não, Lóri, não vai ser uma vida fácil. Mas é uma vida nova. (Tudo me parece um sonho. Mas não é, disse ele, a realidade é que é inacreditável.)"
(pág.150)
Depois desses trechos tão profundos vou respirar um pouco, e absorver (mais uma vez) a magnitude dessas palavras...Uma excelente semana a todos!
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